domingo, setembro 29

EMISSÁRIO SUBMARINO - SANTOS

Foto: Marcus Cabaleira
Foto: Marcus Cabaleira

[...]  Aqui eu te amo

Nos obscuros pinheiros o vento desenlaça.
A lua fosforesce sobre as águas errantes.
Dias iguais se perseguem.
A névoa se desenha em figuras dançantes.
Uma gaivota de prata se descola do ocaso.
As vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Só.
As vezes amanheço, e até minha alma está úmida
Soa, ressoa o mar distante.
Este é um porto.
Aqui te amo.
Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou te amando ainda entre estas frias coisas.
As vezes vão meus beijos nestes barcos graves,
que correm pelo mar até aonde não chegam.
Já me creio esquecido como essas velhas âncoras.
São mais tristes os molhes quando a tarde atraca.
Minha vida se afadiga faminta inutilmente.
Amo o que não tenho. Tu estas tão distante.
Meu fastio faz força com os alentos crepúsculos.
Mas a noite chega e canta para mim.
A lua faz girar sua roda de sonho.
Me olham com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar teu nome com suas folhas de cobre.

(Pablo Neruda - Aqui eu te amo)

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