De Cecília Meireles, conhecia apenas alguns poemas, até que em minhas mãos veio parar este livro, "Vaga Música", que acabei de ler hoje. Tive que ler Cecília, para entender Gullar: "Pretendo que a poesia tenha a virtude de, em meio ao sofrimento e desamparo, acender uma luz qualquer, uma luz que não nos é dada, não desce dos céus, mas nasce das mãos e do espírito dos homens."
"O denso lago e a terra de ouro:
até hoje penso nessa luz vermelha
envolvendo a tarde de um lado e de outro.
E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,
e em nuvens beijando os azuis e os roxos.
Perguntava a sombra: “Quem há pelo teu rosto?”
“Que há pelos teus olhos?” – a água perguntava.
E eu pisando a estrada, e eu pisando a estrada,
vendo o lago denso, vendo a terra de ouro,
com pingos de chuva numa luz vermelha…
E eu não respondendo nada.
Sonho muito, falo pouco.
Tudo são riscos de louco
e estrelas da madrugada..."
Cecilia Meireles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário