"... que estamos olhando um jardim através do vidro de uma janela. Nossos olhos se acomodarão de modo que o raio da visão penetre o vidro, sem deter-se nele, e vá prender-se nas flores e frondes.Como a meta da visão é o jardim e até ele vai lançado o raio visual, não veremos o vidro, nosso olhar passará através dele sem percebê-lo [...] Mas logo, fazendo um esforço, podemos desentender-nos do jardim e, retraindo o raio ocular, detê-lo no vidro. Então o jardim desapaece a nossos olhos e dele somente vemos umas massas de cor confusas que parecem pregadas no cristal. Portanto, ver o jardim e ver o vidro da janela são duas operações incompatíveis: uma exclui a outra e requerem acomodações oculares dferentes [...] Pois bem: a maioria das pessoas é incapaz de acomodar sua atenção ao vidro e transparência que é a obra de arte; em vez disso, passa através dela sem fixar-se e vai revolver-se apaixonadamente na realidade humana à qual a obra alude."
(Ortega y Gasset- Kant Crítica e estética na modernidade).
Nenhum comentário:
Postar um comentário