sexta-feira, maio 11

TRABALHADORES DO MAR


Tal era Gilliat.
Em suma, era apenas um pobre homem sabendo ler e escrever. É provável que estivesse no limite que separa o sonhador do pensador. O pensador impõe, o sonhador obedece. A solidão domina os ânimos simplices, complica-os, enche-os de horror sagrado. A sombra em que entrava o espírito de Gilliatt compunha-se, em partes quase iguais, de dois elementos, obscuros ambos, mas diferentes; dentro dele, a ignorância - enfermidade; fora dele, o mistério - imensidade.
A força de trepar em rochedos, de escalar os declives, de navegar no arquipélago, qualquer que fosse o tempo, de manobrar a primeira embarcação que aparecesse, de arriscar-se dia e noite nos canais mais difíceis, tornou-se, sem tirar lucro disso, e só por fantasia e satisfação, um admirável homem do mar.

(Victor Hugo)




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