domingo, maio 13

NOITES BRANCAS


Este foi o único livro que li de Dostoiévski! Um dia alguém muito culto porém de uma pobreza de espírito igualmente proporcional, disse-me que se este era o único livro que tinha lido de Dostoiévski então não tinha lido Dostoiévski... Talvez estivesse certo, não sei! Mas o que sei é que este livro é esplêndido!!! Hoje acordei, pensando em encontra-lo no que se transformou minha biblioteca... Minha coitada biblioteca!!! Minha filha tem renite e sinusite, então tive que retirá-los do quarto... Quando meu pai, no mês passado acordou-me todo animado dizendo que iria levá-los para a biblioteca, tive que conter um grito! O convenci que faria sózinha, e fiz... beeeeeeeeeem devagar... Aqueles mais frágeis, mais meus amigos, fui colocando dentro do guarda roupa... agora tem livros  junto as blusas, a maquiagens, calcinhas, meias...rs... Toda vez que vou pegar uma roupa, penso que preciso dar um jeito, mas como não vem nenhum jeito a minha cabeça, a não ser abandoná-los em caixas fechadas na biblioteca super populosa, vai ficando o caos instalado dentro de portas fechadas.
Enfim, encontrei-o...Estava junto aos cremes pro cabelo.... É a história de um homem solitário, que se apaixona por uma moça em quatro noites! Li quando era adolescente, e nesta época eu ficava revoltada com os finais tristes, então eu pegava do trecho que eu "ainda achava bom" e escrevia outro fim, depois grampeava nos livros...rs... com o tempo, percebi que os finais que inventava eram péssimos, sofríveis, dignos de fazer os autores revirarem nos túmulos em um lampejo de sabedoria nos altos dos meus quatorze anos, arranquei  e piquei todos os meus finais felizes...
Apesar de não ter nome este personagem é um dos mais fortes que já li (não, não supera Gilliatt - nada supera Gilliatt - Trabalhadores do Mar), mas é arrebatador as últimas páginas, te faz desejar que as noites brancas amanheçam logo...

"... O sonhador, para o definir por menorizadamente, não é um homem, é uma espécie de criatura do genero neutro.Aloja-se, na maior parte do tempo, num inacessível refúgio, como se pretendesse até ocultar-se da luz do dia."

"O quarto está imerso na obscuridade; a sua alma está vazia e triste; todo um reino de quimeras se desmoronou em seu redor, se desmoronou sem deixar rastro, sem ruído nem tumulto, passando como um sonho, e ele nem sequer se recordou de ter acalentado essas quimeras."

"Mas que só eu recorde a minha dor... Que o teu céu seja luminoso, que seja claro e sereno o teu gentil sorriso e bendita sejas tu própria pelo minuto de felicidade  de alegria que proporcionaste a um coração solitário e grato. Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?..."





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